Hoje me deu uma vontade estranha de pôr a mão na caneta e escrever umas linhas sobre saudade.
Sabe aquela saudade que é um tantinho pra lá da distância e um pouco além da morte? Pois é. Estou falando de tempos de outrora; das farras na casa da vózinha; dos primos levados que quebravam vidraças, antes sem se preocupar com as consequências, e depois quando todos corriam e se escondiam com medo das broncas e punições. Estou falando de tempos em que a simplicidade chegava a ser uma verdadeira felicidade.
Hoje olhando a rua e o velho asfalto quente venho a lembrar de como era bom estar dentro do corpo de uma criança, estar num espírito de criança... Priorizando sempre a amizade, o amor, as brincadeiras, o joelho no chão ao pensar em Deus, o pai, a mãe e toda a grande família... Num dia de domingo.
Num dia de domingo em que todos largavam seus entendiantes afazeres e vinham a se sentar e conversar uns com os outros. Sorrindo com as conquistas do outro e chorando ao saber da tristeza do próximo. E todas as surreais piadas dos titios, sempre as mesmas e repetidas piadas, em que 'morríamos' de rir mesmo assim. Ah tempo bom... Que o cabelo do vô e da vó ainda não eram tão branquinhos; o tempo em que carnes eram firmes e braços eram fortes. Não que eu não sinta saudade de quem agora está longe, pois eu 'morro' mesmo de saudade é daquela linda VIDA que HOJE É MORTE.
C. Rodrigues
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