Velhos Versos de um Poeta

 

Ouvi falar que quando o poeta anda

O chão estende-se na sua maciez

Ouvi falar que quando o poeta canta

A melodia entoa o fascinante som da timidez

Ouvi falar que quando o poeta rir

O mundo se espalha em alegria

Ouvi falar que quando o poeta declama

Os olhos da alma afaga e contagia

Ouvi falar que quando um poeta ama

A terra vira um palco de um pequeno circo de desvairados

Ouvi falar que quando acaba o amor e ele chora

O oceano inveja as suas lágrimas e vira um caldeirão seco e empoeirado

- Cícero Rodrigues

Grajaú, Ma 09 de agosto de 2021

O OLHAR DE UM SONETO

 

Hoje lembrei da sintonia incandescente do brilho do teu olhar //

E nas passagens das curvas do teu cosmo interestrelar //

Vislumbrando na tua face a festa de estrelas nos teus olhos delirantes //

E a lume da tua íris tão resplandecente e loucamente apaixonante //

Vi hoje num sonho maldito da noite //

Tua traição em mim como uma pancada de açoite //

E me diga se vale a pena ter pensamentos tão visuais e detalhistas //

De uma musa que não respeitou um coração altruísta? //

Pobre coração antiquado e ignorante //

Uma arma ilusionista //

Dentro de um poeta inoperante //

Talvez um dia o ruim vira inspiração e a mente se aflora //

Da mesma forma num olhar penetrante //

Mas me diga se alguém pode arrancar um coração e jogar fora? //

C.R

GRAJAÚ, MA - 13 DE MAIO DE 2021

Agonia

 

Ainda que me agonize a alma

Ainda que maltrate o vácuo do meu coração

Ainda que me tire a paz

Ainda que faça rios de lágrimas escorrerem sobre o meu rosto vil e cicatrizado

Ainda que a dor de cabeça penetre nas entranhas da minha mente

Ainda que a ira tirana me provoque a paciência

Ainda que o peso do amor me sufoque com seu fardo grande e inquietante

Ainda que o mundo me empurre negatividade

Ainda sim viverei na terna esperança da continuidade

Na filosofia da fidelidade

Na persistência da naturalidade

Nos longos e tortuosos caminhos da maturidade

Deitado nos braços acalentados da serenidade

Cá intacta minha integridade

Nos esboços, trocando cartas à racionalidade

Com meu maior e contraditório amor: a infâmia reciprocidade.

- C.R

SÃO LUÍS, MA

11 DE ABRIL DE 2021

No Fim Compreende-se

 

Chegamos ao fim,

Ao fim de um coração em cacos

Ao fim de olhos opacos

Ao fim do pedaço de um ser

Ao fim de um novo renascer

Ao fim do que sobrou de um homem

No fim tudo se entende

Tudo compreende-se

O amor que acabou

O fogo que se apagou

As altas palavras não ditas

E ah, aquela frase maldita

Se ao menos nos fosse compreendido

O verdadeiro significado de amar em vida

A morte seria apenas um distúrbio incompreendido

E sorrisos seriam mais corriqueiros

...Mas no fim tudo fica subentendido

O porque toda a estrada em que percorreu

Mas no fim tudo se revela

A pessoa que foi sua será sempre sua

A confiança em ti nunca será esquecida

A tua força e fé será ensinada a gerações...

Não é nem nunca foi sobre o que vai, é sobre o que fica

A verdade é o que viveu, o que fica.

" Não se perturbe perguntando quais fins teria se tivesse percorrido outros caminhos, a vida é bela porque tem erros, aprendizados e recomeços para novas e incríveis histórias. "

[Cícero Rodrigues]

Grajaú - Ma 03 de Março de 2021

Um Pedaço do Céu

Pedaço de céu

Tua boca é um mar de lírios ardentes

Teu olhar é um templo de estrelas cadentes

Pedaço de céu

Teu jeito encanta o mundo

Teu brilho resplandece o poço triste profundo

Pedaço de céu

Teus braços acalenta a alma

Teu fogo o meu coração acalma

Pedaço de céu

Teu sorriso é o sol que contagia

Tua alegria é a poção da minha magia

Pedacinho de céu

Na minha mente serás sempre lembrança

Aos meus olhos serás meu mel

E no meu peito, sempre esperança.

C. Rodrigues

GRAJAÚ, MA 11 DE FEVEREIRO DE 2021

Versos Que Fui

 

Na vida fui o viajante das ilusões

Fui o colecionador de decepções

Das voltas que dei

E aos lugares que vaguei

Amigos procurei

Em poços que não conhecia o fundo

Amores busquei

Em águas que amarguraram meu mundo

Na vida fui a acusação injustiçada

Fui o poema inacabado

Fui o desabafo não dito

Fui o coração quieto e esquecido

Na vida fui o peso que suportei

Fui a paciência que nunca esgotei

Fui a explosão nunca atingida

Fui a calmaria de almas fingidas

Na vida fui o mal entendido

Fui o amor traído

Fui o corpo quente e queimado

Fui os dedos quentes de um coração entediado

Estou perdido

Não sei onde me encontrar

Um jovem poeta cansado e incompreendido

Cercado de seres loucos que não sabem amar

C. RODRIGUES

GRAJAÚ, MA

19 DE JANEIRO DE 2021