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quinta-feira, 23 de abril de 2020

As Férias da Natureza




A natureza sorri

E desvenda o homem ao avesso

Quando se aprofunda na sua dor

E enquanto sua pequenez é mostrada ao mundo

Sua alma grita pelo arrependimento amargurado ao seu amor

...

Ao homem que seu coração se esfriou

Sua coragem ficou pífia

Sua paciência foi diagnosticada ao destempero

Sua angústia escondida

Seu egoísmo revelado ao desespero

...

Pobre homem tolo

Que outrora sorria sob os orvalhos e as flores cintilantes

Enquanto a natureza chorava aos prantos sobre árvores destruídas e rios que lacrimejavam lixo e sangue

Agora sente a dor da ausência do ar puro e da compaixão

Enquanto seus sorrisos são enterrados debaixo da planície verde e flores negras ao seu caixão

...

Pobre homem tolo

Que em sua juventude trocou plantar rosas ao seu amor por plantar riquezas como um triste amador

Que ao colher riquezas que lhe deixaram tesouros, hoje colheu-se tristezas e perdeu seus amores

Que nem ao menos da natureza soube cuidar, enquanto plantava, viu-se o horizonte verde inteiro em lágrimas se debruçar

Hoje enquanto chora deitado no seu confinamento, o mundo passa nas horas as férias do seu sofrimento

...

Pobre homem tolo

Que ofusca sua vista por pensamentos pessimistas

Que troca sua vida fugaz por momentos extremistas que destroem sua paz

Que abraça rotinas frias e tediosas ao invés de surreais árvores sinuosas

Que desperdiça seu tempo com individualidade, podendo está pouco escrevendo junto à coletividade

...

Pobre homem tolo

Que estraçalhou seu valor no tempo

Que esqueceu seu espírito natural deitado ao relento

Que encurtou a vida dos bixos

Viu-se hoje chorando por apego a passados e lixos

...

Ao ser humano

Meu eterno pesar

E apesar dos pesares que sua vida rume ao seu velejar

Que depois que sentir o vento verdadeiro e a brisa do mar lhe tocar

Lhe derrame na consciência o espelho do sofrimento que fez a natureza passar

...

Ah quem dera se palavras fossem ouvidas

Se naturezas fossem sentidas

Se a empatia por todos os seres inundasse o coração

Talvez até o vírus ouvisse e aprendesse uma lição

Que tudo nessa vida é questão de respeito e uma pitada de consideração

...

Ah quem dera se a vida fosse menos específica

Se nossas mentes aprendesse somente o básico de cada pouco da vida

Sorrisos seriam mais inchados nas faces

E a vida se alongaria em passos curtos e aprendizados gigantes

Como nesse poema, ausente de sintonia, longo, mas finito e intrigante

...

Que o sol que brilhará amanhã seja mais forte

Deixando nas lembranças o triste passado da morte

E enterrando as lágrimas de hoje em um túmulo a própria sorte

Que amanhã seja sorrisos verdadeiros e abraços acalorados

E que transformemos o mundo em um paraíso aprimorado

...

Que a vontade desses versos seja contemplada

Que sigamos nessa vida nossos incompreendidos pensamentos

E que nossa história seja contada em todos os presentes momentos

Que ao reler um velho poema de criança debaixo de uma sombra de árvore

Nos lembremos do dia que a chuva caiu, do canto dos pássaros e do do ar que pausa nossos sentimentos

...

Os dias se passam com uma lentidão que aterroriza nossos medos

E nunca entregamos tanto valor à uma vida amargurada

Esquecendo dos empecilhos que tornam a rotina mais enfadada

Sobrou aquilo de mais valor, o tempo: aquilo que trás paz e horas a pensar

Ah terra, vale a pena deixar o mundo ter seu fim sem tratar suas raízes e deixá-lo tão ruim?

...

Nunca o céu viu-se tão lindo e radiante

E as núvens tão brancas carregadas de diamantes

Diamantes de águas empurradas pelo vento

Caindo nas cidades sobre ruas vazias e cabeças cheias

Cheias de grandes problemas de pequenos fragmentos

...

Nunca os rios e canais sorriram tanto

E os animais que outrora choravam aos prantos

Hoje viu-se caminhado alegremente pelos campos

E todos os pássaros amontoados e cegos pela devastadora qualidade do ar

Viu-se hoje uma enorme revoada sobre nossas cabeças a voar

...

Ah quem dera se nossa conturbada consciência fosse mais forte a cada tentação

Jogando a favor da vida e distribuindo aprimoração

Plantando respeito à vida e à natureza

Colhendo um mundo mais lindo e ausente de impurezas

Transformando cada ser humano em um ser superior e afluente de beleza interior

...

Enfim a natureza sorri, mas não sorrisos de miséria

Sorrisos aliviados

Enquanto o homem hiberna, o universo descansa

E toda essa confusão causada em grande ignorância

Se torna o tesouro de um planeta que merece paz e esperança

...

Como seria se andassémos na contramão da arrogância?

O mundo seria empático e jorraria mais qualidade nos separando da ganância

E nossos abraços seriam mais acalorados nos abstendo da distância

O beijo, as piadas, as conversas achegadas seriam nossas principais substâncias

E a evolução estaria a passos mais curtos de nossa verdadeira importância

...

Ainda que o mundo se contorça em dor

A natureza suspira por alivio de amor

Ainda que prantos sejam aclamados em insistentes confinamentos

A natureza se rebela em curtos e belos momentos

E transforma lágrimas em rios enigmáticos que rodeiam o tempo

...

Ainda que tudo passe como a impaciência das águas correntes

A natureza sempre entreguerá sorrisos doces de memórias carentes

Ainda que tudo volte a cinzas e nada mude nos contos de confinamentos

Depois que refletimos significados de plantar união, humildade e vivermos de bons pensamentos

A natureza ainda se lembrará das férias que passou... Do seu sofrimento.

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- CICERO RODRIGUES
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- Grajaú, Ma  23 de Abril de 2020

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