A natureza sorri
E desvenda o homem ao avesso
Quando se aprofunda na sua dor
E enquanto sua pequenez é mostrada ao mundo
Sua alma grita pelo arrependimento amargurado ao seu amor
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Ao homem que seu coração se esfriou
Sua coragem ficou pífia
Sua paciência foi diagnosticada ao destempero
Sua angústia escondida
Seu egoísmo revelado ao desespero
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Pobre homem tolo
Que outrora sorria sob os orvalhos e as flores cintilantes
Enquanto a natureza chorava aos prantos sobre árvores destruídas e rios que lacrimejavam lixo e sangue
Agora sente a dor da ausência do ar puro e da compaixão
Enquanto seus sorrisos são enterrados debaixo da planície verde e flores negras ao seu caixão
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Pobre homem tolo
Que em sua juventude trocou plantar rosas ao seu amor por plantar riquezas como um triste amador
Que ao colher riquezas que lhe deixaram tesouros, hoje colheu-se tristezas e perdeu seus amores
Que nem ao menos da natureza soube cuidar, enquanto plantava, viu-se o horizonte verde inteiro em lágrimas se debruçar
Hoje enquanto chora deitado no seu confinamento, o mundo passa nas horas as férias do seu sofrimento
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Pobre homem tolo
Que ofusca sua vista por pensamentos pessimistas
Que troca sua vida fugaz por momentos extremistas que destroem sua paz
Que abraça rotinas frias e tediosas ao invés de surreais árvores sinuosas
Que desperdiça seu tempo com individualidade, podendo está pouco escrevendo junto à coletividade
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Pobre homem tolo
Que estraçalhou seu valor no tempo
Que esqueceu seu espírito natural deitado ao relento
Que encurtou a vida dos bixos
Viu-se hoje chorando por apego a passados e lixos
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Ao ser humano
Meu eterno pesar
E apesar dos pesares que sua vida rume ao seu velejar
Que depois que sentir o vento verdadeiro e a brisa do mar lhe tocar
Lhe derrame na consciência o espelho do sofrimento que fez a natureza passar
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Ah quem dera se palavras fossem ouvidas
Se naturezas fossem sentidas
Se a empatia por todos os seres inundasse o coração
Talvez até o vírus ouvisse e aprendesse uma lição
Que tudo nessa vida é questão de respeito e uma pitada de consideração
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Ah quem dera se a vida fosse menos específica
Se nossas mentes aprendesse somente o básico de cada pouco da vida
Sorrisos seriam mais inchados nas faces
E a vida se alongaria em passos curtos e aprendizados gigantes
Como nesse poema, ausente de sintonia, longo, mas finito e intrigante
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Que o sol que brilhará amanhã seja mais forte
Deixando nas lembranças o triste passado da morte
E enterrando as lágrimas de hoje em um túmulo a própria sorte
Que amanhã seja sorrisos verdadeiros e abraços acalorados
E que transformemos o mundo em um paraíso aprimorado
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Que a vontade desses versos seja contemplada
Que sigamos nessa vida nossos incompreendidos pensamentos
E que nossa história seja contada em todos os presentes momentos
Que ao reler um velho poema de criança debaixo de uma sombra de árvore
Nos lembremos do dia que a chuva caiu, do canto dos pássaros e do do ar que pausa nossos sentimentos
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Os dias se passam com uma lentidão que aterroriza nossos medos
E nunca entregamos tanto valor à uma vida amargurada
Esquecendo dos empecilhos que tornam a rotina mais enfadada
Sobrou aquilo de mais valor, o tempo: aquilo que trás paz e horas a pensar
Ah terra, vale a pena deixar o mundo ter seu fim sem tratar suas raízes e deixá-lo tão ruim?
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Nunca o céu viu-se tão lindo e radiante
E as núvens tão brancas carregadas de diamantes
Diamantes de águas empurradas pelo vento
Caindo nas cidades sobre ruas vazias e cabeças cheias
Cheias de grandes problemas de pequenos fragmentos
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Nunca os rios e canais sorriram tanto
E os animais que outrora choravam aos prantos
Hoje viu-se caminhado alegremente pelos campos
E todos os pássaros amontoados e cegos pela devastadora qualidade do ar
Viu-se hoje uma enorme revoada sobre nossas cabeças a voar
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Ah quem dera se nossa conturbada consciência fosse mais forte a cada tentação
Jogando a favor da vida e distribuindo aprimoração
Plantando respeito à vida e à natureza
Colhendo um mundo mais lindo e ausente de impurezas
Transformando cada ser humano em um ser superior e afluente de beleza interior
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Enfim a natureza sorri, mas não sorrisos de miséria
Sorrisos aliviados
Enquanto o homem hiberna, o universo descansa
E toda essa confusão causada em grande ignorância
Se torna o tesouro de um planeta que merece paz e esperança
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Como seria se andassémos na contramão da arrogância?
O mundo seria empático e jorraria mais qualidade nos separando da ganância
E nossos abraços seriam mais acalorados nos abstendo da distância
O beijo, as piadas, as conversas achegadas seriam nossas principais substâncias
E a evolução estaria a passos mais curtos de nossa verdadeira importância
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Ainda que o mundo se contorça em dor
A natureza suspira por alivio de amor
Ainda que prantos sejam aclamados em insistentes confinamentos
A natureza se rebela em curtos e belos momentos
E transforma lágrimas em rios enigmáticos que rodeiam o tempo
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Ainda que tudo passe como a impaciência das águas correntes
A natureza sempre entreguerá sorrisos doces de memórias carentes
Ainda que tudo volte a cinzas e nada mude nos contos de confinamentos
Depois que refletimos significados de plantar união, humildade e vivermos de bons pensamentos
A natureza ainda se lembrará das férias que passou... Do seu sofrimento.
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- CICERO RODRIGUES
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- Grajaú, Ma 23 de Abril de 2020