A saudade é uma amante, uma amante cruel
que te faz sentir depressivo e não te abandona. Uma saudade de tudo, mas não de
grandes coisas, saudades apenas daqueles momentinhos com a família em um almoço
especial, saudades da garrafa de refrigerante passando de mão em mão naqueles
almoços de domingo, saudades até mesmo dos apelidos carinhosos dos colegas na
escola, dos elogios dos professores, grande saudade do contato com todos eles,
saudades sangrentas e atordoantes que nos fazem refletir, saudades também da
vozinha gritando: "venham almoçar meninos", saudades até mesmo da
inocente infância de todas aquelas brincadeirinhas que hoje pensamos: "ah
que besteira, como eu era infantil".
Talvez um erro fatal
de muitas crianças atualmente esteja na imensa vontade de crescer e se tornar
idiotamente o que chamam de responsáveis, pois antes um ser assumir sua
infantilidade do que não saber o que fazer com sua autonomia e nem mesmo como
governar a si próprio. Porém a saudade consegue até mesmo ser maior do que
todas estas bocas falantes. Saudades que se camuflam em todos os sentidos,
saudades amargas na infinidade das tristezas, saudades doces de lágrimas
solitárias, saudade incondicional, e porque não dizer saudade Platônica.
Como não se lembrar
daqueles olhos cintilantes assistindo todos aqueles desenhos animados com os
primos!? Como não se lembrar das doces briguinhas entre as priminhas e depois
pedir o perdão com a verdade no olhar da criança!? Ah que imensa saudade...
Assim como o trabalho do tempo é passar e passar; o trabalho da saudade é
fazer-nos chorar e chorar, saudades que nem mesmo um tufão conseguiria levar,
saudades que ninguém jamais conseguirá explicar, mesmo insistindo aqui em
desvendar. Saudades, infinitas saudades. E qual a face da sua saudade?
[Cícero Rodrigues]
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